O
caso Travis Walton diz respeito a uma série de acontecimentos com um lenhador
americano (foto abaixo) a partir de novembro de 1975, quando teria sido
abduzido por um disco voador no Parque Nacional de Apaches-Sitgreaves, nos
Estados Unidos, sob a vista de amigos e reaparecendo cinco dias depois. O caso
de Walton recebeu considerável publicidade da mídia, sendo um dos exemplos mais
conhecidos de alegada abdução alienígena, e um dos poucos com testemunhas
oculares. Nunca antes um relato de abdução começou da maneira relatada por
Walton e seus colegas de trabalho; além disso, o caso é singular no aspecto de
que o protagonista desapareceu por dias a fio, com policiais à sua procura.
Contexto
do caso
O
caso começou no dia 05 de novembro de 1975. Walton era empregado de Mike
Rogers, que durante nove anos fora contratado pelo Serviço Florestal para
diversas tarefas. Rogers, então com 28 anos, e Walton, com 22, eram melhores
amigos; Travis namorava a irmã de Roger, Dana, com quem mais tarde se casaria.
Os outros homens no grupo eram Ken Peterson, John Goulette, Steve Pierce, Allen
Dallis e Dwayne Smith, que viviam na pequena cidade de Snowflake, Arizona.
Rogers fora contratado para podar árvores baixas e outros arbustos em uma
grande área. O trabalho era o contrato mais lucrativo de Rogers, mas seu
pessoal estava com o cronograma atrasado. Assim, precisavam trabalhar durante
longos turnos para atender o contrato, normalmente das 6h da manhã até o por do
sol.
Uma
descoberta no meio da mata
Pouco
depois das 18h, no anoitecer de 5 de novembro, Roger e seu grupo haviam
terminado seu trabalho naquele dia e se acomodavam na caminhonete para voltarem
à cidade. O grupo informou que logo depois de começar o trajeto, viu uma luz
brilhante vindo de trás de uma colina. Ao se aproximar de carro o bastante para
ver a fonte da luminosidade, perceberam que esta emanava de um objeto discóide
parado a uns 6m de altura e dividido por linhas verticais escuras. O disco
tinha aproximadamente 2,5m de altura e 6m de diâmetro.
Rogers
diminuiu a velocidade da caminhonete até parar, após o que, segundo eles,
Walton saltou da caminhonete e correu em direção ao disco. Os outros homens
disseram que gritaram para que Walton voltasse, mas ele continuou em direção ao
disco. Os homens relataram que Walton estava quase abaixo do disco quando o
objeto começou a emitir ruídos muito altos, similares aos de uma turbina. A
espaçonave começou a rodopiar e Walton se abaixou atrás de uma pedra. Ao se
levantar para voltar à picape sentiu como que uma alta descarga elétrica e
desmaiou. Ele aparentemente não viu o que o acertou, mas seus amigos sim: um
forte raio de luz azul saído do disco.
Rogers
disse mais tarde que estava convencido de que Walton morrera e, assim, se
afastou dirigindo rapidamente pela estrada acidentada, com medo de que o disco
estivesse perseguindo a caminhonete. Quando já estavam distantes do local,
Rogers olhou para trás e viu que nada os seguia. As discussões começaram sem
demora. Peterson e Rogers disseram que eles deveriam voltar e pegar Walton, mas
alguns rejeitaram a ideia. Logo depois, todos concordaram em voltar. Ainda
estavam se aproximando do local do incidente quando Rogers, o motorista,
conseguiu ver rapidamente entre as árvores, ao longe, o objeto luminoso subindo
e afastando-se em alta velocidade. Quando chegaram ao lugar onde haviam
abandonado Walton, estava tudo quieto. Ainda receosos, saíram do veículo
juntos, mas acabaram por se separar para vasculhar melhor a área, chamando pelo
amigo. Inicialmente eles ficaram aliviados por não encontrar nenhum corpo,
achando que Walton havia escapado.
A
busca por Travis Walton
Aproximadamente
às 19h30, Peterson ligou para a polícia. O agente Chuck Ellison respondeu à
chamada. Inicialmente, Peterson informou que um membro de sua equipe de
madeireiros estava desaparecido. Em seguida, Ellison se encontrou com os homens
em um centro comercial, onde relataram a história, todos eles perturbados, dois
em prantos, e embora estivesse cético a princípio sobre aquele relato fantástico,
Ellison mais tarde refletiu que se estivessem fingindo, eram tremendamente bons
naquilo. Rogers insistia em retornar ao local imediatamente para procurar por
Walton, com cães farejadores, se possível. Não havia cães disponíveis, mas os
policiais e alguns dos homens retornaram ao local. Três dos membros do grupo
estavam perturbados demais para serem úteis em uma busca e, assim, decidiram
voltar para Snowflake e relatar as más notícias aos amigos e familiares.
De
volta ao local, os policiais começaram a suspeitar da história relatada pelo
grupo, principalmente porque não havia nenhum indício físico para comprovar o
relato. Embora mais policiais e voluntários chegassem ao local, não encontraram
nenhum sinal de Walton. As noites de inverno podem ser bem frias nas montanhas
e Walton usava somente jeans, uma jaqueta de brim e uma camiseta. A polícia
temia que Walton pudesse sucumbir à hipotermia se estivesse perdido.
Na
manhã de 06 de novembro, muitos agentes e voluntários haviam vasculhado a área
no local em que Travis desaparecera. Nenhum vestígio dele fora descoberto e a
suspeita aumentava entre os policiais de que a história do Ovni fora inventada
para encobrir um acidente ou homicídio. No sábado de manhã, Rogers e Duane
Walton chegaram ao escritório do xerife Gillespie explosivamente furiosos por
terem retornado ao local e não encontrado nenhum policial lá. Naquela tarde, a
polícia buscava por Travis com helicópteros, homens a cavalo e jipes.
Publicidade
do desaparecimento
No
sábado, a notícia do desaparecimento de Walton já havia se espalhado
internacionalmente. Repórteres, ufólogos e curiosos começaram a chegar a
Snowflake. Entre os visitantes estava Fred Sylvanus, um investigador de discos
voadores que entrevistara Rogers e Duane Walton. Embora repetidamente
expressando preocupação pelo bem-estar de Travis, ambos os homens deram
declarações que os atormentariam quando usadas pelos críticos.
Nas
gravações feitas por Sylvanus, Rogers notou que, por causa do desaparecimento
de Travis e da busca posterior, não conseguiria cumprir seu contrato com o
Serviço Florestal e esperava que a busca por seu amigo desaparecido aliviasse a
situação. Duane Walton informou que ele e Travis tinham bastante interesse em
ufologia e que uns doze anos antes Duane vira um Ovni similar àquele visto pelo
grupo de madeireiros. Duane relatou que ele e Travis haviam decidido que, se
tivessem chance, chegariam mais perto possível de qualquer disco voador que
vissem. Mais tarde, Travis diria que nunca tivera um grande interesse em
ufologia, mesmo depois da suposta abdução.
Logo
depois da entrevista de Sylvanus, o delegado de Snowflake, Sanford Flake,
declarou que todo o caso fora uma peça engendrada por Duane e Travis. Eles
haviam enganado a turma de madeireiros acendendo um balão e soltando-o no
momento apropriado. A esposa de Flake discordava, dizendo que a história do
marido era tão forçada quanto a de Duane Walton.
Passando
pelo polígrafo
Na
segunda-feira, 10 de novembro, todos os outros membros do grupo de Rogers
passaram por um teste com o polígrafo. Seu questionário perguntava se algum dos
homens fizera algum mal a Travis, se sabiam onde o corpo de Travis estava
enterrado e se disseram a verdade sobre terem visto um disco voador. Todos os homens
negaram ter ferido Travis, negaram saber onde seu corpo estava e insistiram que
realmente viram um Ovni. No final, foi constatado que todos eles estavam
falando a verdade sobre o que tinham visto na floresta. Após os testes do
polígrafo, o xerife Gillespie anunciou ter aceitado a história da abdução.
O
retorno de Travis Walton
Pouco
antes da meia-noite de segunda-feira, 10 de novembro, Grant Neff relatou ter
atendido o telefone de sua casa. Neff era casado com a irmã de Travis, Alison.
O outro lado, uma voz tênue disse: “É Travis. Estou em uma cabine telefônica no
posto de gasolina de Heber e preciso de ajuda. Vem me buscar”. Neff disse que,
no início, pensou ser mais um trote. Contudo, antes que Neff desligasse o
telefone, a pessoa falou novamente, quase histérica e gritando: “Sou eu, Grant!
Estou ferido e preciso muito de ajuda. Vem logo me buscar”. Neff reconsiderou a
identidade da pessoa do outro lado da linha: seu pânico parecia genuíno e,
assim, Neff e Duane Walton dirigiram até o posto de gasolina.
Eles
disseram ter encontrado Travis lá caído. Usava as mesmas roupas de quando
desapareceu, ainda inadequadas, já que a temperatura era de aproximadamente
-7°C, parecia mais magro e não ter se barbeado durante o tempo em que esteve
ausente. Durante a viagem de volta a Snowflake, Travis parecia assustado,
trêmulo e ansioso, balbuciando repetidamente sobre seres com olhos terríveis.
Pensava que estivera ausente apenas por algumas horas. Quando soube que sumira
por quase uma semana, pareceu atordoado e parou de falar.
Duane
Walton disse que decidiu não revelar a volta de Travis imediatamente,
preocupado com a condição aparentemente frágil de seu irmão. Por não avisar as
autoridades, Duane seria acusado de cumplicidade na ocultação de indícios que
ele e Travis poderiam não querer que a polícia visse. Na casa de sua mãe,
Travis disse que tomou banho e comeu, mas que não conseguia deixar de vomitar,
mesmo após refeições leves.
Após
receber informação de um funcionário da companhia telefônica aproximadamente às
2h30min, a polícia soube que alguém ligara para a família Neff de um telefone
público no posto de gasolina de Heber. Gillespie enviou agentes para coletar
impressões digitais das cabines, mas tanto quanto os agentes puderam perceber
no escuro, nenhuma das impressões era de Travis. Esse fato seria notado por
críticos que pensavam que todo o caso era um trote, enquanto os que defendem o
caso alegaram que um exame de impressões digitais feito no escuro, nas
primeiras horas da madrugada, por dois agentes usando lanternas, dificilmente
seria o ideal, sequer suficiente.
O
retorno de Travis ganha as manchetes de todo o mundo
Na
tarde de terça-feira, o retorno de Travis vazou para o público. Duane recebeu
um telefonema de Spaulding e disse a ele que não importunasse a família
novamente. Entre outros telefonemas à procura de notícias sobre o retorno de
Travis, um veio de Coral Lorenzen, da Apro, um grupo civil de pesquisa de
Ovnis. Coral prometeu a Duane que ela providenciaria que Travis fosse examinado
por dois médicos, um clínico geral, Joseph Saults, e um pediatra, Howard
Kandell, na casa de Duane, que concordou.
Entre
o telefonema de Lorenzen e o exame do médico, outro personagem apareceria e
complicaria enormemente a história. Lorenzen recebeu um telefonema de um
funcionário do “National Enquirer”, um tabloide americano conhecido por seu tom
sensacionalista. O funcionário do “Enquirer” prometeu financiar as
investigações da Apro, em troca da cooperação para ter acesso aos Walton. Uma
vez que os recursos financeiros do jornal eram bem maiores que os da Apro,
Lorenzen aceitou o acordo.
O
exame médico revelou que Travis estava essencialmente em boas condições, mas
que duas características incomuns foram notadas: um pequeno ponto vermelho na
dobra do cotovelo direito de Travis, condizente com a picada de uma injeção,
porém os médicos notaram que o ponto não estava próximo de nenhuma veia. A
análise da urina de Travis revelou uma falta de cetonas. Isso era incomum, já
que Travis estivera ausente por cinco dias com muito pouca ou nenhuma comida,
conforme insistia (e sua perda de peso sugeria), e seu corpo já deveria ter
começado a consumir gorduras para sobreviver, elevando os níveis de cetonas na
urina. Os críticos argumentariam que essa incoerência seria um indício contra a
história de Travis.
Travis
especularia mais tarde que a marca em seu cotovelo poderia ter sido contraída
durante o trabalho com a madeira. Os críticos especulariam que a marca
demonstrava que Travis (ou outra pessoa) injetara drogas em seu sistema. Os
exames médicos, porém, não encontraram nenhum indício disso. Quando o xerife
Gillespie soube do retorno de Travis através da mídia, ficou furioso. Gillespie
pensava ter demonstrado sua crença na história de discos voadores com seu
anúncio após os testes do polígrafo. Duane, contudo, ainda estava ressentido
com o que acreditava ter sido um esforço apático das buscas por Travis. Travis,
então, contou a Gillespie o que acontecera durante os cinco dias em que
estivera ausente. Foi a primeira vez em que contou o ocorrido a alguém, a não
ser sua família e amigos mais chegados.
Dentro
do suposto disco voador
De
acordo com Walton, ele foi abduzido pelo Ovni. Quando voltou a si, estava cheio
de dores pelo corpo, num enorme mal-estar físico. Nos primeiros instantes não
se atreveu a abrir os olhos, tal era a dor. Finalmente os abriu e começou a
distinguir as primeiras formas. Percebeu que estava deitado sobre uma mesa e
viu um retângulo no teto do qual saía uma luz difusa que iluminava a sala.
Pensando estar num hospital e ainda com a visão debilitada, ele sentiu uma
pressão no abdômen e percebeu que três figuras, provavelmente médicos, vestidos
de vermelho, colocaram um estranho aparelho metálico na sua barriga.
Walton
começava a achar estranha a cor das roupas dos médicos que o examinavam quando
recuperou a visão abruptamente. Olhou então melhor e ficou chocado: não eram
médicos que o observavam, mas sim pequenas criaturas com olhos escuros enormes.
As suas cabeças eram desproporcionais em relação ao corpo e não apresentavam
cabelos nem nariz ou orelhas salientes. As suas roupas eram constituídas por
uma peça única, sem cintos nem qualquer tipo de adereços. “Pareciam com fetos”,
diria mais tarde.
Assustado,
Walton levantou-se rapidamente da mesa empurrando uma das criaturas e fazendo o
aparelho que estava na sua barriga cair no chão. Ele percebeu que os seres eram
bem leves e fáceis de derrubar. No entanto, Walton ainda estava muito
enfraquecido e não conseguiu se aguentar nas pernas, apoiando-se na mesa. Ao
ver que as criaturas aproximavam-se para agarrá-lo, tentou então vencer a sua
fraqueza, pondo-se de pé e agarrando um tubo transparente de cima da mesa.
Tentou quebrar a parte de cima para poder ameaçar os seres, mas o objeto era
inquebrável. Os seres faziam sinais de “não” ou “pare”. Walton começou a gritar
para as criaturas se afastarem. Depois de o encararem por alguns instantes, os
seres saíram por uma porta atrás de si rapidamente, em direção a um corredor.
Walton, nervoso, e apoiando-se numa bancada, começou a observar os estranhos
objetos do aposento à procura de algo melhor para se defender caso as criaturas
voltassem.
Vendo
que nada acontecia, decidiu também ele sair pela porta em direção ao corredor,
onde não se via ninguém. Passou por uma porta à esquerda que dava para o que
parecia ser uma sala, mas não se atreveu a olhar lá para dentro, tal era o
medo. Mais à frente, outra porta, desta vez à direita. Walton abrandou o passo,
na esperança de encontrar ali uma saída.
Entrou
numa sala redonda com três retângulos nas paredes, semelhantes a três portas
fechadas. No centro da sala estava uma cadeira voltada de costas para a
entrada. Walton decidiu entrar devagar, receando que alguém estivesse sentado
na cadeira. Vendo que estava desocupada, aproximou-se. Observou um estranho
fenômeno: à medida que se aproximava da cadeira, as paredes da sala iam
escurecendo. Pontos brilhantes apareciam como estrelas. Quando chegou à
cadeira, era como se as paredes tivessem ficado transparentes e ele pudesse ver
o céu noturno. No braço esquerdo da cadeira ficava uma pequena alavanca e no direito
um display luminoso com filas de botões coloridos. Pensando que um daqueles
botões podia abrir alguma porta, Walton começou a apertá-los, sendo a única
reação uma alteração dos ângulos e da posição das linhas que surgiam no display
luminoso. Decidiu então sentar-se na cadeira, obviamente feita para alguém com
um corpo menor que o seu. Pegando na alavanca à direita e pressionando-a para a
frente, viu as estrelas todas moverem-se rapidamente para baixo, como se ele
estivesse a conduzir a nave. Receoso de causar um acidente, de desviar o curso
da nave e não saber voltar decidiu não tocar em mais nada.
Voltando
para a extremidade da sala, as paredes voltaram a ficar como estavam ao
princípio e ele tentou encontrar algo que abrisse uma das três portas na
parede, sem sucesso. Voltou à cadeira e novamente as paredes escureceram. De
repente, Walton ficou surpreendido pelo que viu na porta de acesso: outro ser
humano! O humanoide tinha uns dois metros de altura e vestia um capacete
transparente; era musculoso, tinha cabelos loiros compridos e vestia uma roupa
justa azul.
Walton
correu até ele e começou a fazer várias perguntas, mas o homem manteve-se
calado. Depois, agarrou Walton pelo braço. Ele achou que o homem não respondeu
nada por causa do seu capacete e pensou que ele o levaria para um lugar onde
ele poderia tirar o capacete e conversar. Eles finalmente foram a uma outra
sala, onde Walton viu uma mulher e dois homens sentados na sala. Eles estavam
vestidos iguais ao ser que o acompanhava e como ele tinham feições e corpo
perfeitos. A mulher tinha um cabelo mais comprido do que os dos homens. Eles
não usavam capacetes. Walton chegou a perguntar onde estava. Os seres somente
olharam para ele com uma expressão serena. O ser que estava de capacete sentou Walton
numa cadeira e saiu da sala.
Walton
continuava a falar, e a mulher e um dos homens pegaram seus braços e colocaram
numa mesa próxima, mas ainda com aquela expressão de compaixão e serenidade.
Ele viu que eles não iriam responder a nada e então começou a gritar com eles.
A mulher pegou um objeto que parecia uma máscara de oxigênio, mas sem tubo, e
colocou no nariz e boca de Walton que perdeu a consciência e só acordou quando
estava deitado perto de uma rua em Heber. Ao acordar, ele ainda pôde ver o objeto
se distanciando.
Teste
do polígrafo omitido e mais controvérsia
Nesse
meio tempo, Spaulding anunciara à imprensa que ele havia entrevistado Walton
por duas horas e descobriu incoerências no relato. O “Phoenix Gazette” publicou
uma história, relatando suas alegações de que “os Walton temiam a revelação” de
uma mentira cuidadosamente fabricada. O xerife Gillespie providenciou um teste
de polígrafo, mas quando a realização do teste vazou para a imprensa, Duane o
cancelou, acreditando que Gillespie quebrara sua promessa de manter o teste em
segredo.
O
“National Enquirer” queria que Travis se submetesse ao polígrafo o mais rápido
possível e providenciou um, após Duane insistir que ele e Travis teriam o poder
de vetar qualquer divulgação pública dos resultados do teste. Alguém poderia
crer que Travis estava por demais perturbado para se submeter ao polígrafo.
Ao
entrevistar Travis antes do início do teste, o especialista conseguiu que
Travis admitisse duas coisas: primeiro, que já fumara maconha algumas vezes,
embora não usasse a droga regularmente, e segundo, que ele e o irmão mais novo
de Mike Rogers haviam fraudado cheques alguns anos antes, alterando folhas de
pagamentos. Esse era seu único caso sério com a lei – Travis cumprira dois anos
em condicional, sem outros incidentes –, mas Travis continuou profundamente
embaraçado pelo episódio da fraude de cheques. Em certa ocasião, ele alegou ter
sido preso pelo crime, quando na verdade passou dois anos em condicional por
ser réu primário.
O
especialista, então, administrou o teste do polígrafo, que permanece envolto em
controvérsias. Travis diz que o homem se comportou de maneira não profissional,
enquanto o especialista insiste que Travis, além de não passar no teste, tentou
fraudá-lo. Após concluir o exame, determinou-se que Travis estava mentindo. Algumas
vezes Travis prendia a respiração, num esforço para enganar a máquina.
Os
Walton, a Apro e o “National Enquirer” concordaram, então, em manter os
resultados desse teste em segredo, devido em grande parte, insistiam, às
dúvidas sobre os métodos e a objetividade. Oito meses depois, quando o público
soube dessa decisão, houve mais acusações de engodo e encobrimento.
Posteriormente, Travis se submeteria a dois exames poligráficos adicionais e
passaria em ambos, embora os resultados omitidos do primeiro teste
permanecessem como uma nódoa e fossem mencionados em quase todas as discussões
do caso e o sejam até o hoje.
Philip
J. Klass, jornalista de aviação por profissão, mas também conhecido antagonista
de histórias de discos voadores, lançou uma crítica conjunta e constante contra
as alegações de Travis, alegando especialmente que havia forte motivo
financeiro para todo o caso. Segundo Klass, Rogers sabia que não conseguiria
concluir seu contrato com o Serviço Florestal e engendrou um esquema para invocar
a cláusula de caso fortuito do contrato, rescindindo-o, dessa forma, sem
inadimplência.
Klass
e outros também notaram que o programa “O incidente do Ovni” fora transmitido
pela rede NBC apenas algumas semanas antes do desaparecimento de Travis. Esse
filme feito para a televisão era um relato ficcional baseado na abdução dos
Hill, o primeiro caso amplamente publicado de abdução por alienígenas. Klass e
outros especularam que Walton se inspirara no programa. Walton negou ter
assistido o filme.
As
consequências do caso
Em
1978, Walton publicou “The Walton experience”, com sua própria narrativa do
evento e suas consequências. O livro apresenta alguns erros fundamentais que
prejudicam seriamente o caso. Embora Travis proclame virtuosamente que pretende
somente relatar os eventos e não interpretá-los, grandes partes do livro são
nada mais que altamente especulativas e recriações puramente imaginativas do
autor. Por exemplo, após ter ficado inconsciente por causa do facho de luz
azul, Walton apresenta um diálogo preciso, romanesco, descrevendo as conversas
de seus colegas após se afastarem em pânico. Ainda assim, Walton nunca menciona
se está parafraseando com base no que relataram a ele, se entrevistou os outros
para determinar quem disse o que, ou se simplesmente presumiu o que disseram.
Após o furor inicial ter diminuído, Walton continuou em Snowflake e veio se
tornar capataz da madeireira, casando-se com Dana Rogers, com quem teve vários
filhos. Além do filme baseado nesse encontro, Travis apareceu ocasionalmente em
convenções ou especiais de TV sobre discos voadores.
Apesar
da ampla publicidade, o caso ainda permanece totalmente controverso. Céticos e
crédulos continuam debatendo se Travis Walton e sua abdução são um fato ou uma
farsa. Ele mantém um site até hoje que relata o seu caso – que pode ser
visitado clicando aqui. Acreditamos que as circunstâncias pesam mais para o
lado da farsa, quando houve necessidade de romper com o governo americano por
um trabalho que não estava sendo feito. Ufólogos continuam debatendo sobre este
caso, hoje clássico do ambiente alien que nos permeia.