O
Código Da Vinci, quase 20 milhões de livros vendidos em todo o mundo, trata-se,
claro, de uma bela trama policial criada por Dan Brown, no entanto, ela é
baseada em teorias conspiratórias aceitas e estudadas no mundo real por muita
gente. Entramos agora no terreno do que alguns consideram a “maior conspiração
de todos os tempos”. A figura-chave nessa intrincada armação é Maria Madalena,
de acordo com a Bíblia e as aulas de catecismo, Maria Madalena foi uma
prostituta que, arrependida, resolveu seguir Jesus Cristo e os apóstolos, até
ser perdoada de seus pecados pelo filho de Deus. Os conspirólogos afirmam, no
entanto, que na verdade, ela foi casada com Jesus Cristo, com quem teria tido
dois filhos, Sara e Tiago. Os Manuscritos do Mar Morto, descobertos em 1947
numa caverna de Qumran, na Palestina, confirmariam a tese de que Jesus se casou
e teve filhos com Madalena, gerando uma linhagem que teria o direito sagrado de
reinar sobre a França e Israel.
Esses
documentos, porém, nunca foram exibidos em público e estão de posse do
Vaticano. Depois da crucificação de Jesus, Maria Madalena e seus filhos teriam
fugido para uma comunidade judaica no sul da França. No polêmico e confuso
livro Rex Deux, de Marilyn Hopkins, Graham Simmans e Tim Wallace-Murphy, a
teoria vai além, dizendo que Madalena chegou à França só com uma criança, Sara,
enquanto Tiago foi para a Escócia com José de Arimatéia, o homem que recolheu
num cálice o sangue de Jesus crucificado.
Seria
essa a razão de existirem na França tantas igrejas em homenagem à Maria
Madalena, uma delas fica na cidade de Rennes-Le-Château, no sul do país. Em
1891, o padre da cidade, chamado Berenger Saunière, atente para a semelhança
entre esse sobrenome e o do personagem do livro O Código Da Vinci, e decidiu
reformar a igreja consagrada a Maria Madalena, construída em 1059 e já
deteriorada pelo tempo. O padre levantou uma grana na comunidade e iniciou as
obras, ao retirar a pedra do altar principal, percebeu que as colunas que o
sustentavam eram ocas. Dentro de uma delas havia quatro pergaminhos escritos em
latim, dois deles continham genealogias e datavam de 1244 e 1644. Os outros
dois eram transcrições do Novo Testamento e traziam duas mensagens secretas. A
primeira mensagem dizia: “A Dagoberto II, Rei, e a Sião, pertence esse tesouro
e ele está aqui morto”. Já a outra mensagem era praticamente indecifrável:
“Pastor, nenhuma tentação. Que Poussin, Teniers possuem a chave. Paz 681. Pela
cruz e seu cavalo de Deus, eu completo esse demônio do guardião ao meio-dia.
Maçãs azuis”.
O
Padre Saunière levou os pergaminhos para serem analisados pelas autoridades
eclesiásticas de Paris, não se sabe o que aconteceu, mas ele voltou para
Rennes-Le-Château com muito dinheiro. Ampliou a estrada que levava à cidade,
construiu uma casa chamada Torre Magdala e uma casa de campo, terminou a
reforma da igreja e deixou alguns detalhes capciosos na construção. A pia de
água benta é sustentada por uma estátua de Asmodeus, demônio de três cabeças da
literatura judaica, responsável por separar casais e promover o adultério. Os
vitrais da igreja mostram a Via Sacra e, em uma imagem, há uma criança com
saiote escocês observando a crucificação (Tiago, filho de Jesus com Madalena,
que foi levado para a Escócia por José de Arimatéia, a imagem seria uma
confirmação da tese).
Outra
cena mostra o corpo de Jesus sendo retirado secretamente da tumba durante a
noite, Saunière mandou gravar em latim, no pórtico da igreja, a inscrição “Este
lugar é terrível”. Teorias conspiratórias afirmam que o padre encontrou
documentos que confirmam a existência da linhagem secreta de Jesus e os usou
para chantagear o Vaticano. Mas recuemos um pouco no tempo, na França, Sara e
outros supostos descendentes de Jesus e Madalena se misturaram à linhagem real
francesa, dando origem à dinastia merovíngia, é a partir daí que a história
ganha corpo e complexidade.
Os
reis merovíngios governaram grande parte da França e da Alemanha entre os
séculos seis e sete. O fundador da dinastia se chamava Mérovée, que, segundo a
literatura esotérica, era filho de uma princesa com uma criatura marinha, na
verdade, essa criatura fantástica seria uma alusão à suposta linhagem secreta
de Jesus e Madalena, antepassados dos merovíngios. Segundo os conspirólogos, a
Igreja Católica temia que, se essa linhagem crescesse, o segredo de Jesus e
Madalena fosse revelado, levando o mundo a questionar a doutrina católica e a crença
em um Messias divino puro. No entanto, os merovíngios foram aumentando e
fundaram Paris, isso é fato. Apavorado, o Vaticano financiou várias missões na
França para eliminar todos os membros da dinastia. Essas missões seriam
chamadas de Graal, daí, a busca pelo Santo Graal.
Dagoberto
II foi o último rei merovíngio e morreu apunhalado no olho esquerdo enquanto
dormia. O que o Vaticano não sabia era que ele tinha um filho, Segisberto, que
escapou do ataque e deu continuidade à linhagem. Atualmente, o sangue
merovíngio é identificado com o dos Habsburgos, da Alemanha. Um dos
descendentes de Segisberto, Godofredo de Bulhão, futuro rei cristão de
Jerusalém, fundou em 1090 a organização secreta Priorado de Sião, cujo objetivo
era recolocar a dinastia merovíngia no trono da França. Outra corrente
conspiratória diz que o priorado teria sido criado 90 anos mais tarde, em 1099,
quando Jerusalém foi conquistada pelos cruzados e Godofredo assumiu o título de
Defensor do Santo Sepulcro.
O
Priorado de Sião fez parte da Ordem dos Cavaleiros Templários até 1188, quando
se separaram, contudo O Priorado de Sião sobreviveu ao extermínio dos
Templários na sexta-feira 13 de 1307 e está ativo até hoje. Seus objetivos
atuais são defender os documentos sobre o Santo Graal, a tumba de Maria
Madalena e os poucos membros da linhagem merovíngia real que sobreviveram até
os tempos modernos ou melhor, a linhagem de Cristo. Figuras históricas como
Leonardo da Vinci, Victor Hugo, Sandro Botticelli, Clau-de Debussy e Isaac
Newton fizeram parte dessa fraternidade isso é fato e pode ser comprovado por
meio de pergaminhos chamados Os Dossiês Secretos, descobertos em 1975 pela
Biblioteca Nacional da França.
A
Ordem dos Cavaleiros Templários, do qual o priorado supostamente fez parte, foi
criada em 1118 para proteger as rotas de peregrinação e comércio que ligavam
Jerusalém à Europa. Foi o primeiro exército uniformizado e regular a surgir no
Ocidente depois da queda do Império Romano. Os Cavaleiros Templários eram
financiados pela Igreja e logo se tornaram ricos proprietários de terras, o que
gerou a cobiça do rei da França, Felipe, o Belo, que os acusou de heresia e os
queimou na tal sexta-feira, 13. A desculpa era de que os cavaleiros cultuavam
um demônio de três cabeças lembra-se de Asmodeus, que, segundo os
conspirólogos, nada mais era do que a cabeça embalsamada de Jesus Cristo
encontrada pelos cavaleiros nas ruínas do Templo de Salomão. Outras teorias
dizem que, durante as escavações nas ruínas, os cavaleiros teriam achado a Arca
da Aliança e descoberto toda a verdade sobre o Santo Graal. Por isso, tinham
que ser exterminados.
Na
mitologia cristã, o Graal aparece em dois momentos: primeiro, é usado na
celebração da Santa Ceia e, depois, para recolher o sangue de Jesus Cristo na
crucificação. Alguns teólogos acreditam que o cálice ficou com José de
Arimatéia, que o enterrou na cidade de Glastonbury, na Inglaterra.
Conspirólogos dizem que o cálice, na verdade, ficou com Maria Madalena, que o
levou para a França. Mas a teoria mais aceita pelos conspirólogos é a de que o
Graal não é um objeto, mas sim a tal linhagem de Cristo. Em muitos manuscritos
antigos, o cálice é chamado de sangreal, que significaria “sangue real”.
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